O aumento no valor do açaí na capital paraense levou um grupo de batedores do fruto, a organizar uma mobilização, denominada “o açaí é nosso” que ocorrerá na próxima segunda-feira,17, com concentração na Praça do Relógio, localizada nas proximidades do Ver-o-Peso e da feira do açaí, local em que os comerciantes chegam ainda na madrugada para negociar o produto que chega em embarcações vindas dos interiores do estado. O horário para o protesto está marcado para às 6h da manhã e visa chamar a atenção das autoridades para que tomem providências e diminuam o valor do açaí, que vem afetando a venda e o consumo na cidade do estado que mais produz o fruto.
O grupo de protestante seguirá caminhando até a praça da república sem interrupções das avenidas, “vamos colocar nossas reivindicações e buscar uma resposta dos governantes, caso não haja um retorno, vamos fechar as ruas e continuar reivindicando pelos nossos direitos”, explicou Israel Sousa, um dos organizadores da mobilização, que também destacou a suspeita de que esteja havendo cartel entre os atravessadores de açaí, prática utilizada em comum acordo entre os fornecedores para tabelar e controlar o mercado, o que prejudica os consumidores, com o aumento da mercadoria, limitando a oferta do produto e inviabilizando a aquisição.
Israel relata que o valor do paneiro de açaí que chega por meio dos atravessadores é incompatível com a realidade dos belenenses e ressalta que a saída sem controle do produto para fora do estado tem deixado a população da capital sem açaí. “Não queremos prejudicar ninguém, mas o paraense tem o hábito de tomar açaí todo dia, como uma pessoa assalariada vai tomar açaí com esse preço. Queremos o controle da saída do nosso açaí, fiscalização dos barcos de atravessadores que estão segurando o açaí dentro das embarcações e vendendo o preço que bem entendem”, relatou o comerciante que trabalha com a venda de açaí há 30 anos.
Em 2019, Belém ganhou o título de Capital Nacional do Açaí, no entanto, o fornecimento em grande quantidade para outras localidades, tem deixado a mesa das famílias paraenses vazias, reduzindo significativamente o consumo do produto. Outro fator, foi o prolongamento das chuvas na região, que aumentou a entressafra do fruto, fazendo o preço aumentar.
Segundo um dos comerciantes que está à frente da mobilização, Marivaldo Ferreira, a decisão para a realização do ato partiu do crescente aumento do litro do açaí que nas periferias custa em média de R$15 a R$20 reais e nos bairros do centro varia de R$25 a R$ 40 reais. “Podemos dizer também que esse aumento se deve a competitividade de produção entre os pequenos produtores e as grandes indústrias que fazem a exportação do produto para fora do estado, a mobilização tem interesse em fazer essa ponte entre as empresas e o estado para que essa distribuição seja feita de forma justa para os pequenos produtores”, explicou.
Segundo os comerciantes, a venda de açaí é realizada por meio de medidas, a rasa vinda das ilhas da região, de 28 a 30 quilos custava em média R$ 150 reais na mesma época do ano passado e agora passou para R$250 reais, o paneiro de 13 a 14 quilos, vindos de municípios vizinhos, custava R$60 reais no ano passado e atualmente atinge o valor de R$100. “A gente não tem como repassar todo esse aumento para o consumidor, a população mais carente não tem como pagar”, finalizou Marivaldo, proprietário de dois pontos de açaí em Belém, onde atua há mais três décadas.
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