Compromisso vazio. As duas palavras que podem definir o sentimento da comunidade internacional e de ambientalistas brasileiros sobre a meta feita pelo governo Bolsonaro de cortar emissões de gases em 50% até 2030, e a promessa, que já sabemos ser mentirosa, de zerar o desmatamento ilegal em sete anos. Por conta das promessas vazias e falsas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), o Brasil mostrou que corre sério risco de ficar de fora dos grandes debates e dos arranjos estratégicos para frear o aquecimento global.
A conferência sobre o clima COP26, em Glasgow, entra nesta sexta-feira (12) na reta final com um bloqueio nas negociações, após duas semanas de grandes anúncios por vários países, que foram considerados insuficientes para enfrentar o desafio para o futuro do meio ambiente.
O financiamento, os mercados de carbono —nos quais os países podem comprar e vender direitos de emissões de gases do efeito estufa—, as perdas e danos provocados pela mudança climática e o nível do compromisso com a meta de +1,5 ºC são os principais temas de discussão, de acordo com as partes negociadoras.
Na versão mais recente do rascunho, os países eram convocados a acelerar os planos de redução de emissões e a apresentar novos objetivos em 2022, três anos antes do previsto.
Também havia uma menção específica com um pedido para que as nações abandonem a dependência dos combustíveis fósseis, o que seria uma novidade na longa história das conferências do clima organizadas pela ONU.
Na área de finanças, os países em desenvolvimento já conseguiram uma promessa das nações ricas, lideradas por Alemanha e Canadá, de que em dois anos devem regularizar a quantia de US$ 100 bilhões anuais para ajudar a mitigar a emissão de gases do efeito estufa e, em menor medida, a adaptar-se às inevitáveis consequências da mudança climática.
De 2025 em diante os quase 200 Estados representados em Glasgow devem estabelecer quanto dinheiro os países mais vulneráveis precisarão anualmente, e os primeiros valores são gigantescos.
A cartada do governo brasileiro de anunciar apenas durante a COP26 um reajuste da meta de emissões se mostrou inócua. Na segunda-feira (1), o Brasil reajustou de 43% para 50% o corte a ser atingido da emissão de gases do efeito estufa até 2030. Esse índice é a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), que cada país estabeleceu no Acordo de Paris, em 2015. Em dezembro, na última revisão da NDC, o Brasil manteve sua meta de emissões de 37% para 2025 e 43% para 2030. Na ocasião, o consórcio The Climate Action Tracker rebaixou de “insuficientes” para “muito insuficientes” as ações do governo brasileiro anunciadas para o NDC.
O retrato do desgoverno que vemos sendo diariamente aplicados em nosso país, hoje está sendo visto por todo o mundo. Os olhos voltados na cop 26 estão tendo noção do que Bolsonaro faz com o povo originário e com o meio ambiente.
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