O abril indígena foi repleto de momentos marcantes para os povos originários, a luta mais uma vez marcou presença, fazendo as vozes dos povos ancestrais ecoarem pelos quatro cantos do mundo, infelizmente, muitas delas pedindo por socorro e justiça. A luta continua durante o ano todo, mas o abril indígena foi encerrado simbolicamente, no último dia 30, com um ato que reuniu mais 50 indígenas na região central de Santarém, oeste do Pará, onde fizeram reinvindicações, denúncias e prestaram solidariedade ao povo Munduruku, que sofrem com as consequências da prática de garimpo ilegal em territórios indígenas. A iniciativa foi do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), que também finalizou o Acampamento Terra Livre do Baixo Tapajós, na ocasião, os indígenas deixaram em evidência a insatisfação com o atual Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e pediram a sua exonerado.
O mês da resistência marca o aumento da violência que está ameaçando a integridade da população indígena, em menos de um mês as Mulheres Munduruku sofreram dois ataques, o primeiro na sede da associação das indígenas que lutam contra garimpeiros ilegais, e tiveram o seu espaço destruído por criminosos que insistem em praticar o garimpo ilegal em TI, em seguida, veio o roubo de mais de 830 litros de combustível, praticado também pelo grupo de criminosos que fez ameaças as mulheres originárias, caso insistam em continuar a intervir nas atividades garimpeiras.
Em Belém, no dia dos povos indígenas, 19 de abril, quando um grupo de indígena realizava um ato de resistência, na frente do prédio do Ministério Público Federal (MPF), e pediam por justiça no caso de Isac Tembé, que foi morto injustamente, um homem gritou de dentro de um carro, que ali não existia “índio”, e foi extremamente racista com os povos que estavam presentes no local. Os ataques continuaram, no dia 20, a liderança indígena Juma Xipaya foi alvo de criminosos que invadiram sua residência, localizada na zona rural de Altamira, e queimaram documentos que comprovavam ações criminosas de mineradoras.
Ainda no mês de abril, Auriene Arapiun, foi vítima de violência obstétrica, chamada de mulher frouxa, e como se não fosse suficiente, foi negado ao seu filho a identidade de indígena, um ato racista, que ocorreu dentro de um dos principais hospitais do município de Santarém, no Pará. Em Brasília, diversas etnias indígenas se concentraram na Palácio do Planalto e pediram pela demarcação dos seus territórios, a retirada dos garimpeiros invasores de terras indígenas e enfatizaram a luta pela vida.
O mês de abril passou, mas os ataques continuam, Sônia Guajajara e Almir Naramayoga, sofreram uma tentativa de criminalização, quando foram intimados pela Polícia Federal, acusados de difamação, no documentário “Maracá”, produzido pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a alegação do governo foi de que Sônia Guajajara, uma das coordenadores da Apip teria difamado o Governo Federal, o que foi desconstruído em seguida, pelo juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara Federal de Brasília, que arquivou o caso, tendo em vista que o conteúdo da série representa apenas o direito à liberdade de expressão.
O cenário do abril indígena apresenta a gravidade da situação em que os originários vivem, a mercê de criminosos que tentam a todo custo apagar a existência dos povos ancestrais, e ainda, criminalizá-los.
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