O legado político que Joênia deixa ao Brasil por meio do seu mandato é inestimável. A parenta Joênia Wapichana, a primeira mulher indígena a conquistar uma vaga de deputada federal, infelizmente, não se reelegeu devido o quociente eleitoral, deixando assim, os indígenas de Roraima sem representante na Câmara Federal, em Brasília. Com seu mandato Joenia fortaleceu as culturas dos povos indígenas e a diversidade do Brasil.
Joênia é inspiração. E nem poderia ser diferente, afinal, nascer indígena é sinônimo de resistência e força bela. Já as palavras “força” e” mulher” caminham lado a lada, e se ainda não são sinônimos, indubitavelmente, necessitam ser. Imagina agora mulheres indígenas que se unem a resistência ancestral de seu povo pelos direitos mínimos como território e respeito, com a luta por igualdade e visibilidade das mulheres de suas comunidades. É essa potência que representa Joênia.
Por isso, ainda lembro com emoção e tristeza o início da noite daquele dois de outubro que após a contabilização dos votos, soubemos que nossa guerreira não tinha se eleito. Em um post nas redes sociais, a nossa guerreira parabenizou as indígenas Sônia Guajajara, eleita a primeira deputada indígena por São Paulo, e Célia Xacriabá, eleita em Minas Gerais. “Sempre disse que fui a primeira (deputada federal indígena), mas não a última e nem única”. Joênia disse que o “projeto coletivo não acabou. Pelo contrário, nos fortalecemos para os próximos embates políticos.”. Ela foi eleita em 2018 com 8.491 votos – 2.730 a mais este ano.
O mandato de Joênia no Congresso Nacional foi um marco não apenas pelo fato histórico da eleição em si, mas, principalmente, por todo o ato de resistência contra a agenda de morte do Congresso e pelo levante que ajudou a inspirar dentro do movimento indígena e na sociedade em geral. Foi ela a responsável pela maioria dos discursos e manifestos contrários à política indigenista do Governo Federal: um verdadeiro grito em favor da vida.
Trajetória:
Joênia é indígena do povo Wapichana, do estado de Roraima, no Brasil. Em 1997, ela se formou em Direito e continuou a fazer o que já aprendera desde menina: lutar pelos direitos humanos incluindo o dos povos originários. Nascida em comunidade indígena Truaru da cabeceira, Zona rural de Boa Vista em Roraima, Joenia Batista de Carvalho, que se apresenta como Joenia Wapixana, nome do seu povo, é defensora dos direitos humanos das comunidades indígenas. Ela foi a primeira advogada indígena da história a se pronunciar no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a homologação que definiu os limites contínuos da Reserva Raposa Serra do Sol, em 2008. Também considerada a primeira mulher indígena a se formar em direito no Brasil, em 1997, pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). Ela é mestre pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Histórico:
Apenas dois candidatos indígenas foram eleitos nos dois últimos pleitos proporcionais: em 2014, José Carlos Nunes da Silva, o Nunes (PT-ES), foi eleito deputado estadual no Espírito Santo, o único candidato indígena a assumir um cargo legislativo em todo o Brasil. Já em 2018, Joênia Wapichana (Rede-RR) entrou para a história como a primeira indígena a ocupar uma cadeira na Câmara Federal. Wapichana foi a responsável por articular a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, com 237 parlamentares, da qual se tornou coordenadora. A frente, criada em 2019, vem representando o principal contraponto às ações da Frente Parlamentar da Agropecuária, criada em 1995 e composta de 280 parlamentares.
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