O País possuía cerca de 130 internatos direcionados a crianças indígenas na tentativa de convertê-las ao cristianismo
A escola do terror, assim deveria se chamar a Instituição Residencial Indígena Kamloops, na British Columbia, localizada no Canadá, onde recentemente foram encontrados os restos mortais de 215 crianças, tomadas a força dos pais para serem colocadas no internato, um lugar de tortura e abuso. No local as crianças eram proibidas de falar a própria língua, tinham a cultura retirada da sua convivência e eram severamente maltratadas. A escola já abrigou 500 crianças e foi fechada em 1978, porém o rastro deixado, marcou o país com uma mancha vermelhado sangue das crianças indígenas mortas no lugar, uma brutalidade que jamais será apagada.
A descoberta foi divulgada na última quarta-feira,27, pelo chefe da Primeira Nação TKemlups te secwepemc. Especialistas investigam as causas das mortes, que até o momento são desconhecidas. No século 19 e 20, as escolas residenciais do país eram internatos coordenados pelo governo e autoridades religiosas, com o intuito de impor a força a cultura européia aos jovens indígenas. Partindo desse cenário percebemos a intolerância religiosa aplicada pelos governantes da época, que abusavam do poder que tinham para privar toda uma comunidade de exercer o seu próprio culturalismo, costumes e até mesmo a fala original da sua gente.
Sobre a descoberta dos restos mortais, foi possível devido ao uso de um radar de penetração de solo durante pesquisa realizada na escola, chegando como uma bomba para o mundo, mas principalmente para a população indígena, que assiste a realidade cruel dos seus ancestrais sendo exibida em jornais dos quatro cantos do mundo.
O histórico de dor causa revolta em saber que mesmo diante de tanta barbárie não tem uma política de inclusão e permanência de formação de profissionais capacitados para atender os originários de acordo com as condições de experiências, lugar de nascimento e culturalismo, seja em salas de aulas, em consultórios médicos ou em qualquer outro ambiente dominado pelo tal do” tradicionalismo de cidadão ideal”. Tudo o que foge dos rótulos impostos pela sociedade preconceituosa em que vivemos, vira alvo de extermínio populacional, em uma busca de apagamento de quem na verdade jamais poderá ser inexistente, pois somos partes da construção da história da humanidade.
O direito às origens e o respeito a crença das crianças indígenas eram violados, quando obrigadas a falar um idioma que não era o maternal, e caso pronunciassem alguma palavra na própria língua, eram castigados com puxões de orelhas e tinham suas bocas lavadas com sabão. Um absurdo vivido e ainda não resolvido na atualidade. Além disso, eram obrigadas a se converter ao cristianismo. O “genocídio cultural”, apresenta as igrejas como principais fundadoras e condutoras do sistema escolar de residência indígena, no Canadá, onde existia 130 internatos direcionados a atender somente crianças indígenas. O motivo? A não aceitação de crenças, culturas e costumes diferentes daquele que era tido como verdade absoluta para os governantes da época. Esse não é um caso isolado, nós povos indígenas, sofremos inúmeros ataques por praticarmos a essência da nossa ancestralidade.
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